Comunidade SANJOTEC: ParkGuidance
Comunidade SANJOTEC | 11-06-2025
Para a 22ª edição da Newsletter SANJOTEC, estivemos à conversa com a ParkGuidance, uma startup que nasceu da vontade de melhorar o quotidiano urbano… começando por algo tão simples (e frustrante!) como encontrar lugar para estacionar.
Na entrevista, a equipa contou-nos como ultrapassou desafios, o impacto da participação no concurso Innovate My City e partilhou os próximos passos do projeto, incluindo o lançamento da nova identidade visual da marca.
P.: Como nasceu a vossa ideia?
R.: A ideia começou com uma experiência pessoal — um daqueles dias caóticos em que andávamos às voltas à procura de estacionamento. Na altura pensámos: “Como é que ainda ninguém resolveu isto de forma eficaz?”
Começámos a explorar possíveis soluções e, pouco tempo depois, surgiu o concurso Innovate My City. Vimo-lo como a oportunidade perfeita para validar e dar o salto com esta ideia. Quisemos participar com algo que tivesse impacto real nas cidades, e rapidamente percebemos que o estacionamento continua a ser um dos grandes problemas urbanos.
Analisando o que já está a ser feito, vimos que muitas cidades apostam em sensores físicos instalados em cada lugar de estacionamento. Mas essas soluções são caras, implicam obras no espaço público e têm tido resultados pouco fiáveis. O caso de Pombal, que investiu centenas de milhares de euros num sistema que hoje já não funciona corretamente, é um bom exemplo. Identificamos uma oportunidade: usar câmaras e inteligência artificial para monitorizar lugares em tempo real — uma solução mais económica, escalável e de fácil integração com infraestruturas já existentes. Assim nasceu o nosso projeto.
P.: Houve algum problema real que vos inspirou diretamente?
R.: Um dia estávamos à procura de lugar de estacionamento, havia trânsito e chuva torrencial, os miúdos a chorar no banco de trás. Sabemos que há um problema de escassez, mas também há um grande problema de falta de informação e por isso somos obrigados a andar às voltas. Então pensámos: se soubéssemos onde há lugares de estacionamento disponíveis, já ajudaria muito.
P.: Qual foi o maior desafio que enfrentaram durante o desenvolvimento do projeto?
R.: Demora na obtenção de respostas na comunicação com a câmara.
P.: Como foi a vossa experiência no concurso Innovate My City?
R: Muito positiva. O concurso deu-nos visibilidade, apoio estratégico, e a oportunidade de validar a nossa ideia com especialistas e decisores locais, e descobrimos que até gostamos muito deste mundo do empreendedorismo.
P.: O que destacam desta jornada?
R.: Destacamos o acesso a mentores, sobretudo, a clareza que ganhámos sobre os próximos passos. Saímos com uma visão mais sólida do que queremos construir e de como o podemos escalar.
P.: Como acham que a vossa solução pode transformar cidades como São João da Madeira?
R.: A nossa solução pode colocar São João da Madeira na linha da frente da inovação urbana, no contexto de cidades inteligentes. Enquanto outras cidades ainda investem em pilotos com sensores individuais, propomos uma abordagem moderna, flexível e com melhor custo-benefício. E não se trata apenas de estacionamento — trata-se de mobilidade sustentável, qualidade de vida e uso inteligente de recursos públicos. Há interesse a nível europeu por soluções com este impacto, e SJM pode ser um caso de referência.
P.: Que conselhos dariam a outros jovens empreendedores que querem criar soluções para as cidades do futuro?
R.: Comecem com um problema real (e não comecem com uma solução). Falem com quem o sente todos os dias. Façam um protótipo simples e testem cedo. As cidades precisam de soluções práticas, escaláveis e sustentáveis —e descobrimos que as cidades têm interesse em resolver os problemas urbanos, logo há muita oportunidade aqui. Não tenham medo de começar pequeno, desde que com uma visão grande.
P.: Quais são os próximos passos para o vosso projeto?
R.: Queremos implementar um piloto em contexto real. Com o apoio da mentoria e dos parceiros do ecossistema, estamos a preparar o terreno para mostrar o impacto da nossa solução. Também estamos a trabalhar nos processos legais e técnicos para garantir uma integração suave.
P.: Já estão em fase de testes, à procura de investimento, ou em contacto com possíveis parceiros?
R.: Já iniciámos testes técnicos e entramos em contacto com empresas parceiras, como fornecedores de paineis LED para sinalização urbana. O objetivo é criar uma solução completa, pronta a escalar com o mínimo de esforço de instalação.
P.: Como funciona, na prática, o vosso sistema de orientação para estacionamento?
R.: O nosso sistema recorre a câmaras e inteligência artificial para monitorizar os lugares de estacionamento em tempo real e depois orientar os condutores através de paineis LED e uma aplicação móvel. Quando há boa visibilidade, uma única câmara consegue cobrir mais de 30 lugares, o que representa uma poupança significativa em comparação com soluções baseadas em sensores físicos.
Em cidades que já dispõem de redes de videovigilância, como Lisboa, Porto ou Faro, a integração é imediata - basta instalar o nosso software, sem necessidade de obras ou novos equipamentos.
P.: Que tipo de dados utilizam e como garantem a fiabilidade da informação em tempo real?
R.: Trabalhamos apenas com imagens dos lugares, minimizamos os dados com pré-processamento - do sistema apenas saem metadados (lugares ocupados e livres), e não imagens. O nosso modelo foi treinado com imagens em várias condições, garantindo fiabilidade mesmo com chuva, sombra ou iluminação difícil e usamos arquiteturas recentes de redes neuronais. Dos testes que fizemos em ambiente controlado e usando datasets públicos, obtivemos precisão acima dos 97%.
