NA INCUBADORA COM... JAIME QUESADO
Na incubadora com... | 08-05-2024
Na nona edição de "Na Incubadora com..." convidámos o Economista e Gestor - Especialista em Inovação e Competitividade, Jaime Quesado para falar sobre a urgência de Portugal adotar uma agenda de inovação para enfrentar a crise, transformando-se numa "Sociedade da Inovação".
O imperativo da Inovação
Portugal vai ter que apostar muito rapidamente na implantação duma Agenda da Inovação como resposta a esta crise. Discutir e avaliar hoje a dimensão estrutural da aposta da transformação de Portugal numa verdadeira Sociedade da Inovação é de forma clara antecipar com sentido de realismo um conjunto de compromissos que teremos que ser capazes de fazer para garantir o papel do nosso país num quadro competitivo complexo mas ao mesmo tempo altamente desafiante. A Inovação tem que ser a grande ideia para o país.
Na Nova Agenda que o país precisa, tem que se ser capaz de dotar a sociedade com os instrumentos de qualificação estratégica do futuro. Fazer da Tecnologia e da Competência os elementos que farão a diferença na criação de valor e no reforço dos níveis estratégicos de confiança. É esse o imperativo de uma verdadeira Sociedade da Inovação.
Tem que se ser capaz de induzir na sociedade uma capacidade endógena de reação empreendedora perante os desafios de mudança suscitados pela sociedade em rede e que esta pandemia – com os seus efeitos – veio acentuar; os instrumentos de modernidade protagonizados pelas TIC são essenciais para se desenvolverem mecanismos autosustentados de adaptação permanente às diferentes solicitações que a globalização das ideias e dos negócios impõe. Esta nova dimensão da inovação configura desta forma uma abordagem proactiva da sociedade abordar a sua própria evolução de sustentabilidade estratégica. A Sociedade da Inovação é a resposta certa aos novos desafios que temos pela frente neste tempo incerto e complexo e são exemplos como o da SANJOTEC que permitem acreditar neste objetivo.
Os Centros de Competência do país (Empresas, Universidades, Centros de I&D) têm que ser orientados para o valor. O seu objectivo tem que ser o de induzir de forma efetiva a criação, produção e sobretudo comercialização nos circuitos internacionais de produtos e serviços com valor acrescentado susceptíveis de endogeneizar massa crítica no país. Só assim a lição de Porter entra em ação. A internalização e adoção por parte dos atores do conhecimento de práticas sustentadas de racionalização económica, aposta na criatividade produtiva e sustentação duma plataforma de valor com elevados graus de permanência é decisiva.
A cooperação estratégica entre setores, regiões, áreas de conhecimento, campos de tecnologia, não pode parar. Vivemos a era da cooperação em competição e os alicerces da vantagem competitiva passam por este caminho. Sob pena de se alienar o capital intelectual de construção social de valor de que tanto nos fala Anthony Giddens neste tempo de (re)construção. Na economia global das nações, os atores do conhecimento têm que internalizar e desenvolver de forma efectiva práticas de articulação operativa permanente, sob pena de verem desagregada qualquer possibilidade concreta e efectiva de inserção nas redes onde se desenrolam os projectos de cariz estratégico estruturante.
Importa fazer da Inovação o driver da mudança no território. A desertificação do interior, a incapacidade das cidades médias de protagonizarem uma atitude de catalisação de mudança, de fixação de competências, de atracção de investimento empresarial, são realidades marcantes que confirmam a ausência duma lógica estratégica consistente. Não se pode conceber uma aposta na competitividade estratégica do país sem entender e atender à coesão territorial, sendo por isso decisivo o sentido das efectivas apostas de desenvolvimento regional de consolidação de clusters de conhecimento sustentados. O imperativo de uma Sociedade da Inovação é assim o grande desafio para o nosso futuro coletivo.
